quinta-feira, 29 de março de 2012

Abstinência

Não me lembro quando foi a última vez que escrevi, só sei dizer que voltei, de algum lugar que não sei dizer o nome. Mas que me levou a ficar sem me sentir viva o suficiente. Aquele momento, que a maior parte das pessoas passa, e nos sentimos ocos por dentro, como se nada do que você tenha feito antes, tenha valido a pena, e todos os sacrifícios que faz agora não servirão para nada no futuro. O tempo e as pessoas sempre nos provam que estamos errados sobre isso e sobre um monte de coisas sobre o mundo.

A verdade é que o mundo gira muito rápido e se não fincarmos os pés bem fundo na terra, vamos ser lançados para fora do planeta e ficaremos orbitando em volta, sem nunca conseguir viver dentro dele de verdade. Nada é permanente ou absoluto, nada é eterno ou pretende ser – nem deveria ser. A mudança é fundamental para a evolução, e sem ela ficaríamos parados num mesmo lugar com medo do que pode nos atingir. A transição é o que nos faz mais fortes, é o que nos faz jogar tudo para o alto e recomeçar do zero – mesmo que não saibamos onde exatamente é esse ZERO.


Existem universos inteiros a serem descobertos dentro de nós mesmos e um mundo inteiro para ser visto lá fora. Mas veja lá... É para ser visto, não entendido ou julgado. Porque se você sair com o objetivo de entender e julgar tudo a partir da sua visão, pode acabar cego ou louco. É melhor apreciar e agradecer do que destruir e esbravejar. Veja, mas saiba o que vê... Enxergue de verdade, pois há muita sabedoria só de observar.

Ver faz parte de sentir e quando você sente, aí sim... Você vive.


Deixar de escrever e de desenhar e de pintar... Me fez lembrar isso. Não fiquei SEM me expressar por que quis. A inspiração foi embora assim como o tempo, aquele coelho branco que vive fugindo de nós, quando corremos atrás dele.

Tudo me deixou por um período, aquele momento de abstinência que experimentamos em algum momento de nossas vidas ou talvez, em vários momentos. Qualquer coisa que podemos “julgar” como importante um dia se vai e nos deixa vazio. COMPLETAMENTE vazio. Mas como não podemos entender o mundo, muito menos a vida em si. Nada e nem ninguém fica vazio por muito tempo, e às vezes a necessidade da abstinência está justamente em esvaziar tudo o que  julgamos “importante” para nos encher novamente - e lentamente - de tudo que é REALMENTE importante.