sábado, 17 de julho de 2010

"Viver, como talvez morrer, é recriar-se a cada momento"

Nascida em Santa Cruz, no Rio Grande do Sul, Lya Luft é formada em Letras Anglo-germânicas e com mestrados em Literatura Brasileira e Lingüística Aplicada, trabalha como tradutora de alemão e inglês, tendo traduzido obras de autores consagrados como Virginia Woolf. Foi ganhadora do prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica em 2001 pela obra Lete: Arte e critica do esquecimento, de Harald Weinrich.


Iniciou sua carreira literária aos 41 anos, em 1980 com a obra As Parceiras, seguido por A asa esquerda do anjo (1981), Reunião de família (1982), Mulher no palco (1984), O quarto fechado (1984), Exílio (1987), O lado fatal (1988), A sentinela (1994), O rio do meio (1996, prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes), Secreta mirada (1997), O ponto cego (1999), Histórias do tempo (2000), Mar de dentro (2002) e Perdas & Ganhos (2003).

 
Lya Luft divide Perdas & Ganhos em cinco grandes grupos de temas, que se entrelaçam em quatorze capítulos e percorrem a linha sutil da vida. A autora desde o início convida a refletir sobre a percepção do mundo e das pessoas a partir do ponto de vista de cada um e a importância da família, que acompanha todo o desenvolvimento da obra.

A linguagem do livro é de uma conversa franca com um amigo íntimo, em que são expostas sem censuras as dúvidas, angústias e sofrimentos, sentidos por quem não consegue lidar com as perdas. Sem dúvida alguma, elas atingem a todos, no entanto a reação varia conforme as escolhas de cada um.

As transformações inevitáveis do corpo e da vida são tratadas em temas como aceitação, beleza, juventude, amor, casamento, submissão, velhice e morte, em que Lya Luft trabalha de forma com que o leitor dialogue e reflita consigo mesmo, enquanto lê o livro e se identifica com alguma situação.

Perdas & Ganhos é um livro que traz ensinamentos a jovens, adultos e idosos, sem distinção de sexo, porque mostra a responsabilidade pelas escolhas e omissões, e que apesar das grandes perdas que se têm durante a vida, os ganhos são ainda maiores e melhores, que fazem compensar toda a caminhada. Além de mostrar que o sofrimento que derruba é importante para fazer voltar a crescer e aprender, assim como a certeza da morte se faz necessária para dar maior amor à vida.

O que a autora faz é transformar o túnel escuro e sem saída de uma trajetória de perdas, em um caminho claro e cheio de luz, onde é possível ter esperanças de dias melhores e um impulso de, antes de tudo, transformar-se, porque assim como ela cita em sua obra: "Viver, como talvez morrer, é recriar-se a cada momento".

Não entre em pânico!


Douglas Adams é autor da série O Mochileiro das Galáxias, publicada no Brasil pela Editora Sextante. A coleção inclui também os títulos O Restaurante no Fim do Universo; A Vida, o Universo e Tudo Mais; e Obrigado Pelos Peixes! Adams nasceu em Cambrigde, Inglaterra, em 11 de março de 1952, iniciou sua carreira como roteirista e escritor do Dr. Who, profundamente interessado em tecnologia trabalhou na produção de vários videogames, inclusive o da série do Mochileiro. Em 1984, Douglas se tornou o autor mais jovem a receber um Prêmio Golden Pan da Pan Books, a editora inglesa da série do livro, posteriormente ele também foi indicado para o primeiro prêmio Melhor Novelista Jovem Britânico. Aos 49 anos, ele faleceu em 11 de maio de 2001, e finalizava o roteiro para o filme.



Do original The Hitchhiker's Guide to the Galaxy, é o primeiro de cinco livros da série de ficção científica, que se iniciou com um programa de rádio transmitido pela rádio britânica BBC Radio 4 em 1978, e também foi adaptado para o cinema em 2005.


De uma forma cômica, com um pouco de ironia e sarcasmo o autor convida o leitor a uma viagem inesperada e abrupta, que se inicia com a destruição da Terra, para a construção de uma via intergaláctica e com a história da demolição da casa do típico inglês, Arthur Dent. Atrapalhado e distraído, Arthur se vê acidentalmente em uma viagem pelo espaço, com seu amigo Ford Prefect, um extraterrestre, que vivia disfarçado há 15 anos de ator desempregado, para fazer uma pesquisa para a nova edição do melhor guia de viagens interplanetário, o Guia dos Mochileiros.


Através de galáxias e planetas cheios de perigo e surpreendentemente cheios de vida, os dois vivem grandes aventuras, e conhecem outros personagens desta história divertida, como a jovem Trillian, o excêntrico presidente Zaphod Beeblebrox e Marvin, um robô feito para ter sentimentos humanos. Adams usa a sátira para abordar temas como a burocracia, a política, e mais profundamente sobre a busca do sentido da existência.


Para quem procura algumas horas de lazer, divertimento e boas risadas, o livro é uma ótima opção. Recomendado à todas as idades e para todos que desejam uma boa viagem acompanhada com o melhor guia das galáxias.


Recomenda-se também estar acompanhado de um bom amigo, para dividir as risadas, como o que me emprestou este livro...

A informação através dos tempos

O conceito de que, quem detém a informação tem o poder, se encaixa muito bem tanto nos tempos atuais, onde a informação é difundida de forma globalizada, como na Idade Média, quando poucos conheciam e detinham a informação.



Num tempo quando não existia a prensa, e onde tudo era controlado, até mesmo nossa imaginação, a Igreja dominava durante séculos e poucas eram as pessoas que sabiam ler e escrever, o clero ou a nobreza, eram os únicos com acesso a cultura. Ainda sim, tinham sua hierarquia, e nem todos da classe eram tratados da mesma forma, assim como o acesso a certos livros era proibido e o conhecimento era limitado conforme os interesses de quem estava no topo da hierarquia.



O povo não tinha vez, afinal quanto menor o número de pessoas que tivessem o mínimo de conhecimento, maior era a zona de dominação da Igreja, pois o Papa não ia querer que camponeses se rebelassem contra seus reis, mas principalmente contra ele mesmo. Portanto, ele cuidava para que seu rebanho não se perdesse. Uma das formas de controle daquela época era a Inquisição, onde todo aquele que não agisse conforme as leis, que expressasse idéias contrárias ou diferentes da Igreja, por simplesmente não ser bem visto ou ser denunciado por alguém importante, era motivo para ser preso, torturado, provavelmente queimado e condenado à heresia.

Livros eram raros, nem todos eram de livre acesso, mas eram as únicas portas para expressar as opiniões, idéias, discussões e teorias de seus autores, na sua maioria filósofos como o livro de Aristóteles, no filme “O nome da rosa”. Justamente por estes motivos é que a Igreja confiscou muitos deles, já que entravam em conflito com as idéias pregadas pelo clero.

Situação parecida foi vivida muitos séculos depois, nos tempos de ditaduras,quando o controle da informação foi vital para a sobrevivência dos regimes, a imprensa já existia,assim como o acesso a livros,a escolas e ao conhecimento. No entanto, tudo era controlado, como na Idade Média, até mesmo o pensamento, de pequeno já era implantado uma idéia na mente das crianças, a qual elas seguiam fielmente, como no regime nazi-fascista. Só era autorizada a divulgação de notícias a favor do regime, quem contrariasse estas leis, era preso, torturado e morto. Em alguns países, esta ainda é uma realidade.

Atualmente a informação ainda é motivo de dominação e controle, só que agora em escala global. Os países que detém o conhecimento e a informação são os que detêm o poder sobre aqueles que somente copiam suas idéias, como os países em desenvolvimento. Porém dentro de um mesmo país ocorre o mesmo fenômeno de séculos atrás, aqueles que têm acesso a mais informações e conhecimentos são os que detêm de poder aquisitivo maior, e podem assim dominar a massa trabalhadora, que normalmente não tem tempo ou interesse de saber mais do que lhe é possível ver.

Por isso, o acesso à informação é tão importante, pois o abismo que se forma é enorme, assim ela se torna o único elo que pode unir as duas extremidades e diminuir a desigualdade social.

Verdade, até que ponto?

A missão principal do jornalista é dizer a verdade, ou melhor, o mais próximo que se possa chegar dela. Porém, como buscar este objetivo, se não tivermos ao menos um método para encontrá-lo?

É este método que faltou ao jornalista esportivo Erik Kerman Jr., interpretado por Josh Hartnett no filme “O Resgate de um Campeão”, baseado em uma história real. O jornalista do The Denver Times, frustrado com seu editor, que deixou de publicar algumas de suas matérias sob a justificativa de que lhe faltava emoção e personalidade nos textos, resolve buscar uma chance de escrever uma reportagem na revista.

Durante a entrevista para a revista, Kerman se lembra de um ex-pugilista sem-teto, interpretado por Samuel L. Jackson, que se auto-intitula “Campeão” e afirma ser o antigo lutador de boxe Bob Satterfield. Desta forma, Kerman propõe ao editor uma pauta sobre a história, sem antes ter ao menos, conversado com seu próprio chefe.


Em busca de fama e reconhecimento profissional, além da admiração de seu filho de 6 anos, Erik está disposto a provar que é tão bom quanto seu pai, o famoso radialista e comentarista esportivo. No entanto, durante sua trajetória para conseguir um espaço como um jornalista de talento, Kerman se esquece dos elementos fundamentais do jornalismo e acredita ingenuamente, que o sem-teto seja na verdade o homem que todos acreditam estar morto.


Agarrado a única esperança que parecia lhe restar, o jovem jornalista encobriu a verificação, com a simples afirmação. Em uma única frase, Bill Kovach e Tom Rosenstiel, autores do livro “Os Elementos do Jornalismo”, resumem bem a situação de Erik e “os perigos de publicar relatos factualmente corretos, mas substancialmente não verazes”.


Apurar bem os fatos deveria ser o primeiro mandamento de todos os jornalistas, antes até mesmo de publicar a verdade, já que sem a apuração, ela nada mais é do que um joguete nas mãos das fontes. Factualmente, a história pode ser correta, mas até que ponto se deve acreditar totalmente nas verdades que as fontes dizem?


Não é suficiente relatar um fato verdadeiro, mas a verdade sobre o fato, pois é nela que mora o contexto da história, com a resposta aos porquês. Para isso, a lealdade do jornalista também deve estar ligada à população, e nunca a uma pessoa, partido ou organização política. Entretanto, a total independência não existe, já que um jeito ou de outro o jornalismo tem um papel social e está dentro de um contexto também social.


Outra questão abordada no filme é justamente a responsabilidade do jornalista, aquela poderia ter sido uma simples matéria sobre o resgate de alguém que um dia foi importante e que agora vive nas ruas. No entanto, o personagem principal da reportagem tinha uma família, amigos e também uma história que foi manchada pela matéria inverídica.


É preciso se lembrar que o trabalho de um jornalista tem sempre uma repercussão e um erro cometido, deixará o seu nome sempre lembrado por ele, mesmo que a retratação seja feita com a mesma dimensão.
Mesmo que a verdade, a neutralidade e a imparcialidade não existam completamente na prática jornalística, a sua busca tem que ser contínua, já que ela continua sendo a missão do jornalismo. Como disseram Kovach e Rosenstiel, “obter a informação mais próxima da versão completa da verdade tem conseqüências reais” .


Então até que ponto a verdade está presente no que é publicado?

Arte e Sustentabilidade: Uma forma de vida

Como o uso da criatividade, inovação e cultura de raiz dentro da necessidade de comunidades pobres, podem aproveitar o que a natureza oferece e gerar renda.



Aldo Bizzocchi em seu livro Anatomia da Cultura já dizia que “é interessante notar que a busca do novo não implica a inovação absoluta: é sempre possível lançar um novo olhar sobre um velho objeto”. É o que artesãos no Brasil todo tem feito, encontrando no barro, na madeira ou em fibras de plantas a matéria-prima para peças originais e genuínas. Com traços regionais e muito pessoais, os artesãos encontram nas lições passadas de geração em geração uma forma de vida e de renda.


Surge uma questão interessante já colocada por Bizzocchi; será que alguém que nunca teve contato com artesanato ou trabalhos manuais poderia aprender a se tornar um artesão e sobreviver desta arte? Talento e aptidão são essenciais para este trabalho, assim como para qualquer outro, porém mais do que isso, é preciso ter força de vontade e naturalmente, criatividade, já que com ela se podem recombinar elementos já existentes. A diferença é que a escolha deles se faz pela necessidade. É isso que torna o artesanato de cada região tão único e a história destes trabalhadores numa verdadeira lição de vida.




Filhos da Terra Brasil



Em Peruíbe, litoral sul de São Paulo uma loja já se destaca por seu nome, Filhos da Terra Brasil, há seis anos apresenta o artesanato de várias regiões do país e dão prioridade àqueles que aproveitam matérias-primas descartadas e que não prejudicam a natureza. O local se tornou loja e oficina com Isabel Maria dos Reis, que é a responsável pelo espaço, e que junto com o marido artesão, vai em busca dos lugares mais distantes do país para trazer à cidade um pouco do trabalho de cada região. Com artesanatos de Minas Gerais, Tocantins, Pernambuco, São Paulo, Paraná, Bahia, Piauí entre outros estados, ela mostra as peças, explicando as características de cada artesão e como eles retratam a própria experiência de vida nas peças.


Dentro de uma infinidade de artesanatos, Isabel fala com carinho e orgulho das mulheres artesãs e suas premiadas Bonecas Noivas do Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país, em Minas Gerais. “As mulheres daquela região têm que viajar muitos quilômetros para encontrar o barro que elas precisam, é um barro diferente com cores que vão do tom marrom escuro até o branco, assim que elas o encontram, carregam em jarros pesados sobre a cabeça de volta para suas casas”, conta ela.


Isabel apresenta também o artesanato de outras regiões distantes do Brasil, como o de Caruaru, em Pernambuco, que retrata os retirantes, e o cotidiano do povo daquela região. E explica os diferentes materiais usados pelos artesãos como o capim dourado em Tocantins, a madeira da palmeira Jupati em Minas, a fibra de Carnaúba no Piauí, e a delicadeza e criatividade dos artesãos do Paraná, que criam mini-presépios feitos com palha de milho dentro de nozes, cabaças e pinhas. Além, é claro das flores decorativas feitas com palha de milho e folhas esqueletizadas em São Paulo e Minas.


Apesar do grande interesse dos turistas e decoradores que prestigiam o artesanato brasileiro, o setor encontra grandes dificuldades para crescer e se expandir. Os produtores são normalmente pessoas muito simples em lugares remotos do país, semi-analfabetos e sem recursos, dependem de instituições privadas e governos para divulgar seu trabalho, esse é o intuito do Sebrae e seus catálogos e livros, que contam a história de muitos destes artesãos e suas peças.


Porém, nada é muito fácil para esses trabalhadores, que encontram no transporte de suas obras um dos maiores desafios, “eles não têm recursos para a embalagem e transporte corretos, e muitas vezes metade da encomenda se perde durante a viagem, além de ser um risco, o gasto é muito grande”, diz Isabel. A loja Filhos da Terra Brasil adquire as peças diretamente dos artesãos e diferente de muitas empresas e instituições que pedem encomendas para eventos e exposições, criou um vínculo maior que cliente e fornecedor, “sabemos de seus problemas e sonhos, além de suas dificuldades, estas pessoas vendem suas peças hoje, mas precisam de dinheiro para ontem”, conta a responsável pela loja.


Basta uma volta pelo local para perceber que todas as peças têm uma etiqueta com o nome e região do artesão, cada um tem sua marca registrada. Além dos traços nos trabalhos, seus nomes também são divulgados, afinal o reconhecimento para eles é essencial. Reconhecimento também é o que buscam um outro grupo de artesãs na mesma cidade.

Mulheres de Fibra

Com ruas simples e empoeiradas, dentro do bairro Caraminguava, na cidade de Peruíbe, a dificuldade que vive a população não é segredo, mas poucos sabem da existência destas mulheres, que encontraram num salão abafado a esperança de uma vida diferente.

Um único ventilador quase não faz efeito dentro do salão pequeno com tantos teares espalhados, se misturando com peças já prontas e outras pela metade. É neste local, que cerca de 40 mulheres, entre 20 e 70 anos se encontram quase todos os dias para aprender sobre a fibra da bananeira.

A coordenadora do grupo Artesãs de Fibra, Viviane Bernarda de Oliveira, uma mulher grávida de quase nove meses nas vésperas de sua licença e mãe de mais duas meninas, explica que o projeto de geração de renda, subsidiado pela prefeitura municipal ainda não é oficial, apesar de funcionar desde 2006. E também não é uma cooperativa, já que precisa de uma estrutura básica para a capacitação das alunas e o tratamento correto das fibras.

As mulheres que normalmente freqüentam o curso saem prontas em quatro meses, mas muitas permanecem ao lado da coordenadora que trabalha há 17 anos com artesanato, para aprenderem mais sobre as técnicas. Viviane deixa claro que elas aprendem desde o começo, do corte do tronco e extração da fibra até os pequenos detalhes das peças produzidas, “não se pode pular as partes, o trabalho é passo a passo”. Ela conta sorrindo o que se pode ser feito com a fibra da bananeira, “tudo o que você imaginar”, e prova que tem razão quando mostra desde cortinas, luminárias, almofadas e até mesmo roupas em crochê, tudo confeccionado com fibra de bananeira.

Além de tudo isso, a fibra se tornou algo muito maior do que uma simples matéria-prima para peças de artesanato, se tornou a força que trouxe de volta à vida muitas mulheres. Com doações recebidas de regiões próximas, e com o caminhão emprestado pelo Departamento de Agricultura, estas mulheres vão para as plantações e carregam os troncos de bananeira nas costas, “assim elas aprendem até onde se pode cortar e a época exata do corte, para que possam nascer novos brotos, além disso, estes dias são muito divertidos”, conta a professora Viviane.

Diversão e distração são marcas registradas nas aulas, quando as mulheres deixam os problemas do lado de fora. O grupo iniciado como um trabalho social criou um vínculo como o de uma família, feitas de mulheres de fibra, que precisam cuidar da casa, dos filhos e maridos, e conseguir uma forma de gerar renda a partir do artesanato de fibra de banana.

Viviane explica que as oficinas são também um desafio, já que 90% das alunas nunca mexeram com artesanato ou trabalhos manuais e muitas delas não sabem ler ou escrever, no entanto o diferencial do acompanhamento das alunas começa na matrícula, quando é feita uma ficha e a partir dela e das primeiras aulas, a professora e coordenadora do curso encaminha as tarefas conforme seus talentos. Unindo sua experiência com as habilidades de cada uma, cada peça vai se formando conforme a criatividade coletiva das Artesãs de Fibra.

Entre as 150 mulheres formadas nas oficinas, poucas ainda trabalham com a fibra, o que mostra que o projeto está longe de ser o ideal. Há 9 meses como coordenadora contratada pela prefeitura, Viviane vê de perto as dificuldades que enfrentou anos atrás quando começou como umas das primeiras alunas do projeto, “nos adaptamos ao que temos, mas falta os materiais essenciais para produzirmos as peças”.

Como não é um projeto oficial, elas não podem receber apoio de outras empresas ou instituições, como o Sebrae, ficando completamente dependentes da ajuda da prefeitura, além de não terem como emitir um certificado, perdendo o principal referencial profissional, que é a carteira de artesão da SUTACO (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades). As Artesãs de Fibra precisam de uma infra-estrutura maior para poder crescer com suas próprias pernas e quem sabe um dia, capacitar de forma correta estas mulheres para formar uma cooperativa independente.

A incerteza do futuro do projeto e de sua vida é claramente um assunto delicado para a coordenadora que conta emocionada, “minha vida se tornou a fibra”. Como o grupo perdeu há um ano seu box na praça principal, ela leva toda semana as peças para São Paulo para tentar vender e gerar alguma renda para as alunas. Viviane que mesmo ganhando uma bolsa de estudos, desistiu de fazer faculdade este ano, para se dedicar completamente ao projeto, não sabe o que será de sua vida e das Artesãs de Fibra depois do final de janeiro de 2010, quando acaba seu contrato.

Uma das alunas freqüentadoras do projeto há mais de um ano, Pascoala Arlete Teixeira Coelho, de 56 anos interfere indignada, “o projeto não pode acabar, o que se aprende aqui é pra vida toda”. Ela conta também a história de uma das alunas mais antigas que sofria de depressão e dependia de remédios, e que depois de começar as aulas se tornou uma pessoa mais alegre e livre da doença.

Em meio a estas mulheres, que assim como a fibra de bananeira, são fortes e resistentes, e que não veem neste projeto somente uma capacitação profissional, e sim uma terapia, e uma forma de vida e de dignidade, é possível perceber que o artesanato tem seus potenciais dentro do talento de mulheres espalhadas pelo Brasil, mas que assim como seu tamanho, os problemas são também de proporções continentais.

Portanto, a força da necessidade, munida de criatividade e muita inovação, fazem do artesanato brasileiro, uma cultura pela sustentabilidade e um exército de mulheres pela sobrevivência.

Pequena cidade, grandes problemas

Peruíbe cresceu muito nos últimos dez anos, e vem acumulando problemas de grandes cidades, a falta de seriedade na gestão pública do Portal da Juréia tem deixado cada dia mais a população abandonada.

Problemas com transportes nunca foi novidade para nenhuma cidade, mas nos últimos anos o descaso na cidade tem atrapalhado a vida de muitas pessoas que dependem do transporte público.

Durante o levantamento de dados para a matéria abaixo, enquanto falava por telefone com um funcionário da Câmara que não quis se identificar me contou que naquele exato momento um ônibus estava quebrado no meio da estrada de terra no Guaraú. E um grupo de crianças tentando chegar a escola, estava continuando o trajeto a pé. Para quem não conhece o bairro, ele fica muito afastado do centro da cidade, sendo necessário atravessar um morro, em uma estrada tortuosa de uns 7 km, além de grande parte das ruas serem de terra. O que estava sendo feito? A Secretaria de Educação estava tentando...TENTANDO enviar um ônibus da prefeitura para buscá-los.

Os problemas podem ser grandes, mas se tornam piores quando são empurrados para debaixo do tapete, esperando a próxima gestão.
Comissão em Peruíbe registra problemas com os ônibus municipais
Para apurar as possíveis irregularidades do contrato da empresa de transportes municipais Intersul, uma Comissão foi formada pelos vereadores da Câmara Municipal de Peruíbe. As reclamações mais comuns da população são sobre a falta de ônibus, as péssimas condições dos veículos, a falta de adaptação para deficientes físicos e para circular na zona rural.


O diretor do Departamento de Trânsito (Ditran) de Peruíbe, Roberto Modesto, por telefone afirma ter recebido muitas reclamações encaminhadas pela Ouvidoria Pública sobre o atraso do horário dos ônibus, principalmente porque muitas crianças estão perdendo aula. Apesar das reclamações freqüentes dos moradores só existem oito processos registrados sobre o assunto. Ele acredita que a dificuldade maior está com as condições das estradas, já que nos bairros mais afastados e que pertencem à zona rural, as vias são de terra e a chuva tem deixado a situação ainda pior.


O grupo de vereadores já visitou dois bairros, realizando audiências públicas com a comunidade, filmando e gravando as irregularidades com funcionários da Câmara, como o caso da região do Bananal e da Barra do Una, que só há um ônibus disponível para a linha, se o veículo quebra ou atola a empresa não disponibiliza outro para o local. Ainda serão visitados outros dois bairros que continuam tendo muitas dificuldades com os horários dos ônibus, porém ainda estão analisando o cronograma das audiências. A Comissão tem um prazo de 90 dias para apresentar o relatório final. O gerente da empresa de transportes Intersul não foi localizado para esclarecer o assunto.


Enquanto o relatório final não sai, a população continua nos pontos de ônibus sem saber o horário em que o ônibus irá passar. Neide Reis, uma senhora sentada escondida atrás do aglomerado que se forma na hora do almoço no ponto de ônibus próximo a rodoviária, desabafa que "os ônibus demoram muito, eles deveriam manter o mesmo horário". Irani Soares de Almeida, moradora e usuária freqüente do ônibus da linha bairro Guaraú reclama que "os horários estão horríveis principalmente para os bairros afastados, além de atrasar, existem poucos ônibus que fazem a linha e vivem quebrando no caminho".

domingo, 11 de julho de 2010

A história enferrujada


Quantos problemas poderiam ser solucionados se a malha ferroviária do país fosse reativada? Quanto tempo seria economizado se os trajetos fossem feitos pelos trilhos?



Atravesso todos os dias seis, das nove cidades da Baixada Santista, para trabalhar e estudar, e na maior parte do caminho vejo os trilhos ferroviários paralelos à rodovia, sendo engolidos pelo mato, asfalto e ferrugem. Não é só história que estamos enterrando, mas uma possível solução para os intermináveis trânsitos, além da praticidade e da rapidez.

 
Quando as especulações do porto em Peruíbe chegaram, a paz e a tranqüilidade, além da preservação e segurança iriam dar adeus à nossa cidade, mas um progresso tão grande também iria trazer suas vantagens, como emprego e uma melhoria na infra-estrutura, como hospitais e...a ferrovia de volta.


Dizem que não é possível imaginar a sensação de se andar de trem, mas eu não precisava imaginar. Escrever esta matéria foi resgatar não só a história da região, mas minha própria história, já que este foi um dos transportes mais usados na minha infância entre São Paulo e Santo André.

Os dados que consegui durante uma semana de pesquisas, não foram mais importantes do que o depoimento que consegui no dia de entrega da matéria. Poucas horas antes de ir para a faculdade, conversei com a dona Cecília, a avó de um grande amigo, que me mostrou com emoção a típica cultura de uma pequena cidade.

Esta foi uma das histórias que mais gostei de contar, mas é claro que ainda existem muitas outras histórias para serem contadas...




Sem Porto Brasil ferrovia Santos-Juquiá é novamente esquecida
A questão da ferrovia Santos-Juquiá, desativada completamente há 6 anos voltou à discussão com o projeto do Porto Brasil, e os investimentos que seriam trazidos pela empresa LLX, tendo a necessidade da reativação da malha ferroviária para transportar a carga. No entanto, com as dificuldades de desenvolver o projeto, devido a questão indígena a LLX suspendeu os investimentos, deixando a ferrovia por enquanto esquecida.

Este, porém, não foi o único projeto para a reutilização da estrada de ferro, a Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM), elaborou há alguns anos o Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado, onde uma de suas ações seria o apoio ao aumento do uso ferroviário para o transporte de cargas e o uso do Veículo Leve sobre Trilhos, sendo aproveitado para fins turísticos. Por telefone o diretor técnico da AGEM, Paulo de Moraes disse que "na época que o projeto foi feito a ferrovia não estava privatizada, hoje é mais difícil já que ela pertence a concessionária América Latina Logística (ALL) e por enquanto só existiram propostas de reativação, mas a realização destes projetos está somente no futuro". Paulo afirma também que "com a expansão da área do porto, a ferrovia pode voltar a funcionar, no entanto primeiramente o que voltaria seriam os transportes de cargas".

Enquanto as propostas não se realizam, algumas cidades como Santos, Itanhaém e Peruíbe estão se preocupando em resgatar um pouco da cultura com a restauração das antigas Estações, trazendo para dentro delas um pouco da história e memória de cada cidade.

Com esse intuito o Instituto Cidade Cidadã (ICC) em parceria com a Prefeitura Municipal de Peruíbe criou um movimento chamado "Amigos da Estação" com o objetivo de difundir a cultura e a história peruibense, aproveitando o espaço para criar o Arquivo histórico municipal. O Secretário-Executivo e de Relações Institucionais do (ICC), José Marcio Cunha afirma que "infelizmente das cidades da região Peruíbe é a mais frágil em questão de memória histórica, por isso o Instituto fez essa parceria com o objetivo de divulgar o patrimônio histórico e cultural, colocando a disposição da população documentos que lhes sirvam de pesquisa".

Segundo a historiadora do Departamento de Cultura de Peruíbe, Fátima Cristina Pires "a documentação do arquivo será de órgãos públicos e privados contando um pouco da história da cidade". Ela acrescenta que "esporadicamente poderão acontecer no local algumas exposições dentro do contexto histórico". Fátima também explica que a restauração começou em 01 de julho de 2008 e que a obra precisa ser feita em etapas, já que depende da aprovação e liberação de verbas da Caixa Econômica Federal, o plano era que fosse finalizada no último dia 28 de agosto, quando a Estação completou 95 anos, mas agora não existe previsão para o término da restauração.



A importância desta ferrovia era tamanha que a rodovia foi construída paralelamente a ela, no entanto coberta pelo mato, ou escondida entre casas irregulares, o barulho típico dos trens foi sendo esquecido. Com quase um século de existência a ferrovia Santos-Juquiá inaugurada em janeiro de 1914, na época em concessão da Southern São Paulo Railway, foi responsável pelo desenvolvimento da região e por 89 anos serviu como transporte de passageiros e cargas. Hoje, a ferrovia fica apenas na memória de alguns que utilizaram o transporte, com uma extensão de 161,5 km de puro abandono.


Cecília Ramos dos Santos, 75 anos, moradora de Peruíbe há 32 anos, lembra com saudade das passagens dos trens "quando ouvia o apito todo mundo parava o que estava fazendo para ver o trem passar, as viagens eram muito gostosas, podíamos ir apreciando a paisagem". Cecília relembra ainda que "na época não tínhamos muita opção, para sair da cidade era ou indo de carroça seguindo pela praia ou de trem, apesar dos trens não estarem em bom estado, é uma coisa que a gente sente saudade, afinal ficou uma tristeza quando ele parou de circular, já que sabíamos que aquela hora era a hora do trem".

Progresso de interesses


Não é de hoje que o progresso quer acabar com a tradição de uma pequena cidade, não pelo progresso em si, ou pelos empregos que podem trazer. O progresso sempre esteve ligado a interesses muito maiores.



No caso da verticalização de Peruíbe, a audiência pública realizada no ano passado para discutir sobre o assunto, não foi divulgada e os únicos presentes eram engenheiros, arquitetos, construtores e representantes comerciais. Adivinha o que foi decidido?




O que muitos interessados somente em lucrar e extrair de Peruíbe tudo o que ela tem, não entendem é que a cidade é a entrada de uma das mais importantes reservas de Mata Atlântica que ainda existem no Estado. Trazer o porto ou liberar a construção de prédios maiores de quatro andares na orla da praia e em toda a cidade é abrir mão da preservação do Meio Ambiente, já que todo o esgoto e óleo produzido iriam cair diretamente no mar, além de alterar a temperatura da cidade. Pois como Santos, ilhas de calor se formariam e acabariam com a ventilação da cidade.


Não sou contra o progresso, muito pelo contrário, adoro cidades grandes e minha terra natal é o caos de São Paulo, porém sou a favor da vida e não quero que o que resta da natureza seja destruído. Quero poder reconhecer a pequena e tranqüila cidade de Peruíbe, e não quero que ela fique estática ou pare no tempo, porém crescimento sem planejamento é suicídio.





Lei de não-verticalização de Peruíbe é discutida em audiência pública





A alteração da lei de não-verticalização da cidade foi discutida em audiência pública na Câmara Municipal de Peruíbe, dia 28 de agosto, por indicação do vereador Manoel Reis Guedes. Após algumas reuniões internas estava sendo cogitada a possibilidade de se fazer um plebiscito, já que seguindo a Lei Orgânica Municipal para realizar qualquer alteração no Plano Diretor é preciso consultar antes a população.



Segundo o requerimento feito pelo vereador Guedes que será encaminhado à Câmara para aprovação, ele justifica seu pedido para a realização do plebiscito com o texto dito na abertura da audiência pública em que explica que a construção civil bem desenvolvida gera empregos imediatos na cidade e que a legislação atual não condiz com o momento vivido, além que afastar grandes investidores.


Esta não é a primeira vez que este tema é abordado na cidade, em 2006 houve uma discussão semelhante, levando o Jornal Análise de circulação regional, em sua edição nº 215 de março de 2006 a realizar uma enquete com os representantes das principais entidades da cidade. No entanto, a pesar do jornal afirmar que o processo de revisão do Plano Diretor da cidade já havia sido iniciado e tinha previsão para ser concluído em agosto do mesmo ano, o assunto não avançou e caiu no esquecimento.


Um dos responsáveis por este esquecimento foi Wagner "Jibóia" Xavier da Silva, presidente da ONG KDOC (Keep the Ocean Clean), que esteve presente nos movimentos que agitara Ubatuba por alguns meses enquanto se falava também da possibilidade de verticalização. Por telefone, Jibóia contou que tiveram um grande apoio da imprensa, "primeiro chamamos A Tribuna, depois como eu tinha contato com o pessoal de surf e de outros ramos, muitos outros meios se interessaram pelas manifestações e protestos que se seguiram por uns três meses direto até arquivarem o projeto de lei".


No caso de Peruíbe, em 2006 logo no início das discussões ele afirma que ameaçou começar o mesmo movimento, "cheguei a fazer os adesivos como os de Ubatuba, então eles se calaram". Hoje, Jibóia acredita que é preciso convocar uma reunião com as entidades ambientais para mobilizar desde o início a população. Um dos obstáculos é que o assunto não está sendo divulgado na cidade, assim alguns ambientalistas não acreditam que haja algo de concreto acontecendo.



O tema promete ainda longas discussões antes de chegar ao plebiscito. O biólogo e vereador Adenilson Alves Pereira afirma que "dizer que nunca vão construir prédios na cidade é uma utopia, afinal é impossível fugir do progresso", no entanto como defensor do Meio Ambiente ele explica que em uma decisão tão séria e que envolve a maioria, muitas vezes é preciso ir contra sua própria vontade. Ele deixa claro que não se pode agir pela emoção e pelos interesses pessoais, mas que infelizmente a questão do Meio Ambiente ainda fica em segundo plano quando a questão financeira também está envolvida.

A origem da ciência

A cultura herdada dos índios e presente até hoje em nosso cotidiano faz lembrar o poder da natureza e sua influência em nossas vidas. Com mãe e irmã seguindo a área da saúde, encontrei nos fitoterápicos - grande objeto de estudo de minha mãe, uma forma de homenageá-las. A ciência, de modo geral também é um assunto que me interessa bastante, além de ser muito presente, exerce um fascínio especial, pela sua complexidade e busca pela perfeição.


Não gosto de tratar algumas entrevistas como meramente exercícios formais da profissão, e sim como conversas informais, pois na maior parte delas é que encontramos histórias interessantes. A conversa que tive com o professor Edson Muratori durou cerca de três horas, e foi durante ela que minha pauta mudou completamente. Meu foco quando cheguei em sua residência era a importância e o crescimento dos fitoterápicos, mas saí de lá com a ideia de fitoterápicos a trancos e barrancos pelo Brasil, já que a enorme dificuldade de crescimento mostrada pelo professor era inegável. Minha pauta mudou de lado e resolvi escrever o que não costumamos ler sobre o assunto.


Apesar da grande dificuldade encontrada pelos pesquisadores, ainda é uma área muito procurada, já que cada vez mais estamos em busca das nossas verdadeiras origens.


Os fitoterápicos a trancos e barrancos no Brasil

As pesquisas sobre os fitoterápicos e o uso dos fitofármacos na indústria farmacêutica têm crescido muito nos últimos anos, trazendo uma nova opção de tratamento e terapia medicinal. A fitoterapia representa o respeito pelas plantas que são seres vivos, tão vivos quanto os humanos. Cada planta se diferencia pelos princípios ativos que produz, usado como defesa ou para alimento, são estes princípios que interessam à ciência, que procura estudar, isolar e sintetizar o grande segredo que a Natureza esconde dentro de cada uma delas, essa é uma das prioridades da farmacologia.

No entanto o Brasil encontra muitos empecilhos para continuar crescendo e se desenvolvendo nesta área apesar da enorme biodiversidade e potencial que o país oferece. Segundo o Prof. Edson Muratori, biólogo, químico e doutor em Fitoterapia "demora-se de 20 a 30 anos para lançar um fitoterápico no Brasil. O governo pede análises que o país não tem condições de fazer, então a substância é levada para outro país, onde se corre o risco do laboratório se apossar da substância e patenteá-la". Ele explica que a perda de patentes para outros países também é um grande problema para os pesquisadores brasileiros, que vêem as plantas nativas serem levadas através do tráfico para outros países.
O governo tem grande culpa nesta situação, já que com leis mais rígidas e fiscalização eficiente seria possível combater o tráfico, que só existe porque há grande facilidade, impunidade aqui e recepção lá fora. Enquanto falta fiscalização nas fronteiras, sobra nos laboratórios fitoterápicos nacionais, que são poucos e extremamente fiscalizados pela ANVISA, a maioria dos laboratórios no território são importados, os verdadeiramente brasileiros não recebem tanto apoio,assim como os pesquisadores que não são reconhecidos e valorizados, além de mal remunerados.

Por mais comuns que eles possam ser, os fitoterápicos e fitofármacos encontram ainda muita resistência para serem prescritos pelos médicos mais tradicionais, muitos por não acreditarem em sua eficácia ou como disse o Prof.Muratori "por falta de promoção, já que os laboratórios fitoterápicos não têm tanto dinheiro como os alopáticos, que se promovem durante os congressos de médicos".

Há grande interesse por parte dos jovens de entrarem na área, pois apesar da dificuldade, ela é muito promissora. Além do interesse dos jovens cientistas, a população está aos poucos tomando conhecimento sobre o assunto, afinal o que era antes somente uma cultura popular herdada dos índios e anteriormente dos homens das cavernas que observaram o hábito de animais, as plantas medicinais se tornaram uma ciência que avança devagar, mas sempre.


O que vestir?

A primeira vez é inesquecível...no curso de Jornalismo o aluno só é iniciado de verdade, quando sobrevive a primeira entrevista para uma matéria. Escolher entre tantos assuntos, um único que marque sua experiência não é tão fácil, principalmente quando seus gostos são vários e muito diferentes.


Em minha primeira matéria resolvi escrever sobre moda, sempre foi uma área que me interessava bastante e que esteve bem próxima de ser escolhida como minha carreira. Mas não poderia ser só moda, aquela fashion que vemos todos os dias, tinha que ter algo diferente e um toque pessoal também.


A moda vintage foi minha escolhida, afinal queria mostrar como a moda era um ciclo e como todas as épocas retornavam ao nosso guarda-roupa, cedo ou tarde, aquele look que achamos antigo ou brega iria voltar às passarelas e às ruas.




Enfim tinha meu tema, precisava agora entrevistar alguém do ramo. Foi em um sábado depois da aula, que caminhei sem muita noção pelas ruas de Santos, já que não conhecia bem a cidade, a caminho tive que passar por uma boa extensão da rua onde se encontrava a loja de minha entrevistada, a estilista Sandra Bertozzi. Reconheço que me senti dentro dos cenários do filme " O Diabo veste Prada", e me arrependi de não ter me vestido melhor, esperava passar despercebida no meio de tantas lojas de grife.


Sandra Bertozzi me recebeu e com paciência me explicou um pouco do mundo da moda, tratando especialmente do meu tema, o retorno da moda vintage. Minha matéria foi escrita com base em algumas pesquisas e em sua entrevista, a primeira matéria nascia...e eu tinha sobrevivido a experiência. O resultado?




O retorno da Moda Vintage


Um passeio pelo shopping, uma espiadas nas vitrines de grife e uma garimpada nos brechós é mais que suficiente para se ter um dejavú, porque querendo ou não, é possível perceber que aquele vestido que está na moda é muito parecido com o que as avós usavam. Não é preciso ser especialista em moda para observar este fenômeno de inspiração em outras décadas, chamado de moda vintage, porém para entender como lê funciona, é preciso “ser da moda”.


Segundo a estilista santista Sandra Bertozzi, dona de uma loja no Boqueirão, o “o ser humano precisa resgatar valores perdidos e durante seu momento de criação um estilista viaja em sua própria memória e experiência, buscando aquilo que foi aceito em outra época”. É evidente o contraste onde numa era como esta em que tudo cai em desuso muito rapidamente e o novo seja uma busca constante, que muitas tendências sejam inspiradas no antigo.



A moda é, acima de tudo, uma forma de expressão e Gilles Lipovetsky em seu livro O império do Efêmero - A moda e seu destino nas sociedades modernas, afirma que “o traje, o penteado, a maquiagem são os signos mais imediatamente espetaculares da afirmação do Eu. Se a moda reina a esse ponto sobre o parecer, é porque ela é um meio privilegiado da expressão da unicidade das pessoas”. Além disso, a inspiração na moda vintage “dá a oportunidade às outras gerações de viver e usar roupas de outras décadas, no entanto sempre com elementos contemporâneos, como as tonalidades de cores e misturas de tecidos para que se torne cada vez mais confortável e adaptado a determinadas regiões. Afinal, os estilistas se inspiram no antigo, mas não ficam presos a ele” afirma Sandra.


Na questão comercial, quando um estilista busca voltar no tempo, ele procura encontrar nas coleções passadas o que foi mais aceito, usado e agradável, explica a
estilista. Usando cores diferentes, uma nova tecnologia de tecidos e combinações de acessórios é possível colocar um ar mais moderno nas coleções.


A antropóloga Lígia Krás Ricardo, em entrevista publicada no site do Terra afirma que “a moda vintage, valoriza estilos de épocas passadas,e começou a se propagar na metade da década de 90, porém hoje as pessoas buscam cada vez mais um visual interessante e pouco comum. O que aumentou a procura por brechós, no entanto estas lojas específicas que trabalham com o vintage ainda são raras no Brasil.”


Hoje, é possível encontrar diversas referências de muitas épocas, como cinturas marcadas, o xadrez, corpetes, godês, boinas, estampas psicodélicas, inspirações hippies, camisas estruturadas, babados e lenços entre outras que usadas com bom senso torna a mistura de épocas algo super atual.
Assim, usar e abusar dos estilos e das épocas é possível, mas de forma harmoniosa, respeitando o seu biotipo, sua região e principalmente sua personalidade, porque a moda é cada um que faz.

Escolher o caminho

Mostrar o que ninguém consegue ver, mesmo que esteja em frente aos olhos, contar o que ninguém ouviu, mesmo que esteja sendo dito aos berros. Escrever, escrever e escrever, até que a mente não consiga mais pensar e coordenar movimentos com raciocínios.


Escolher um caminho, em meio a tantas opções é sempre difícil, mas sempre conseguimos saber lá no fundo o que realmente queremos fazer até o fim de nossos dias, mesmo que os gostos mudem, mesmo que o mercado seja competitivo, não importa lutar por aquilo que queremos. O complicado é quando não sabemos o que gostamos ou queremos.

A primeira escolha que me lembro foi ser ginasta, mas a vontade acabou com uma lesão aos 8 anos, aí que descobri que o esporte realmente não era comigo. Decidi que o melhor era estudar. Amava e ainda amo história e resolvi que seria arqueóloga, conheceria profundamente antigos povos, culturas e a origem de tudo, e descobriria ossos de dinossauros e ancestrais do homem, nada mais emocionante. Porém, para chegar até lá seria bem difícil e comecei a ponderar muito sobre as vantagens de ser arqueóloga e viver no meio da poeira, com a minha rinite alérgica. Escrever seria mais seguro? Sobre o que exatamente? Adorava assistir filmes e ver como eram produzidos, adorava desenhar sobre tudo e criar coleções de vestidos e roupas, adorava escrever histórias sobre pessoas. Pronto, estava feita a confusão.


Ouvir a opinião dos outros ajuda, mas também atrapalha, para cada um que perguntava Cinema, Moda ou Jornalismo, tinha a ver comigo, cabia a mim mesma decidir meu próprio caminho. Jornalismo foi por fim foi minha escolha final. Problema resolvido? Não o primeiro passo tinha sido dado, mas muito ainda tinha que ser percorrido para chegar até o objetivo final ...e qual seria este?

Escolher novamente, nós fazemos escolhas o tempo todo, não só escolhas de grande impacto como a profissão, mas as pequenas escolhas diárias também têm influência sobre nossa vida, mesmo sem perceber. Se não tomarmos nossas decisões e nos responsabilizarmos por elas, outros o farão, mas depois não podemos reclamar que as coisas não saíram como planejadas.
 
A estrada sempre estará lá, precisaremos sempre escolher segui-la ou pegar um atalho. O importante é sempre se lembrar aonde se quer chegar.

Uma história de pescador

Olhando velhos papéis para organizar meus arquivos encontrei uma história que escrevi quando tinha uns 10 anos, um dos meus primeiros contos que me lembro, logo após minha chegada no litoral paulista.

 
Para conhecer a cidade onde passaríamos muitos anos, todo final de semana visitávamos um novo lugar, principalmente as praias, no entanto viramos “fregueses” de uma pequena praia, escondida entre as pedras do morro dos Itatins mais conhecido como Guaraú, a Prainha.Naquela época, quase deserta, devido a dificuldade de acesso, hoje já mais visitada, gostávamos de estacionar o carro em um lugar estratégico, fácil de sair, próximo da entrada da praia, além de contar com um guardador de carro, que com o tempo nos tornou muito conhecido.

Sempre me interessei muito por história em si, e aquela praia exercia certo fascínio. De algumas pedras tínhamos a visão de um antigo forte construído há séculos, em um lugar que dava a vista da praia, da cidade e do mar. Com pedras cuidadosamente unidas por uma massa de areia, conchas e óleo animal, o cimento da época, a construção estava praticamente intacta, com a altura aproximadamente de um prédio de três andares.

Em nossas visitas freqüentes encontramos caminhos entre trilhas ou escalando pedras tentando chegar cada vez mais perto do forte, eram nossos dias de aventura e caça ao tesouro. Fizemos várias tentativas até conseguir alcançar a frente do lugar... Só que era impossível entrar, pelo menos pela porta da frente.

Passamos a conhecer e descobrir novos caminhos e pequenas praias que circundavam a região antes e depois do forte. Meu pai, que nunca teve muita dificuldade de puxar assunto, conheceu alguns moradores da região, entre eles estava o nosso guardador de carros, o Senhor João. Com o rosto queimado do sol, sofrido, cheio de marcas da idade e da vida difícil, porém conservava a simpatia e o sorriso, muito pobre e idoso, vivia sozinho, e dormia perto de um dos canhões do antigo forte.

Já que não podia entrar na tão desejada construção e inspirada na história do simpático e solitário Senhor João, escrevi o conto “Uma história de pescador”. A narrativa, conta sobre a aventura que João, senhor pescador e solitário, que vive no antigo forte e se vê em uma grande aventura, com um pescador meio louco que lhe convence a irem a busca de um tesouro guardado numa ilha.


O texto na íntegra não será publicado tão cedo, já que precisa de muitas revisões e complementos, que não são muitos importantes quando temos 10 anos. Entretanto, o que ficou não foram as aventuras criadas, mas a história humana e anônima, de um guardador de carros, que para muitos passou despercebido.

 
Há muito tempo não visito a Prainha e nem me aventuro nas proximidades do antigo forte, o senhor João que permaneceu guardando carros durante mais alguns bons anos, já faleceu, mas deixou sua história e sua inspiração na lembrança e nas palavras de um texto, com frases e intenções simples.

Os primeiros passos da felicidade


Para uma grande caminhada precisamos dar os primeiros passos, seja lá para que lado for, precisamos seguir. Alguém muito sábio me disse uma vez que não podemos encontrar a felicidade no passado ou no futuro, e que só vivendo o presente, cada dia de uma vez é que temos alguma chance de sentir plenamente a felicidade que tanto procuramos.

Entre muitas tentativas de entender sobre a felicidade muitos já tentaram dar uma definição ou buscar uma receita pronta sobre o que ela é ou como guardá-la por mais do que alguns momentos.


São muitos caminhos e escolhas, e são eles que acabam definindo quem somos e como aproveitamos a vida. Seja pintando, cantando, viajando ou trabalhando....de alguma forma sempre buscamos nossa plenitude ou nossa liberdade, traçando assim o nosso destino.


Por algum motivo...alguns de nós fazem isso escrevendo..