segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Onde mora a felicidade


Já a visitei inúmeras vezes, acho que até já perdi as contas, mas sempre é bom estar aqui de novo. No começo, espiava rapidamente pela janela, mas não entrava. Depois, fui convidada a entrar e passava algumas tardes gostosas em sua companhia, mas não me aproximava muito com medo de que ela se ofendesse.  Com o tempo, perguntei se ela me deixaria ficar um pouco mais, nessas horas adormecia em seu colo, onde encontrava consolo depois de tanto chorar.

Passei um tempo sumida e apesar das cobranças dela, não dei notícias nem fiz uma visitinha rápida durante um bom número de meses – ou será que foram anos? -, de qualquer forma, ela sempre deixou a porta aberta. 

Quando precisei voltar, pedi mil desculpas e inventei outras mil histórias por ter ficado longe. Ofereci meu dinheiro, meu cartão de crédito e minha conta bancária, em troca de sua companhia. Comprei-lhe presentes e mimos para que ela não me deixasse, mas ela não aceitou.  Brava, disse que não tinha preço e não podia ser comprada. E pediu que eu não aparecesse mais lá, enquanto não me lembrasse dos motivos que a fizeram me deixar entrar em sua casa.



Foi então que comecei a perceber todas as coisas que não tinham preço, e de uma forma incrível me transportavam de volta à sua porta. Depois de algum tempo, enquanto tentava me ocupar de coisas que pudessem me levar até sua casa, descobri certo dia, que ela não estava mais lá, tinha se mudado e nem ao menos tinha deixado um bilhete.

Me senti abandonada e comecei a chorar ali mesmo em seu portão, até que alguém atrás de mim me tocou o ombro. Era ela sorrindo com uma mala na mão, pronta a me acompanhar aonde quer que eu fosse. Desde esse dia, nunca mais me abandonou. Somos amigas e companheiras de viagem. Ela resolveu passar uma temporada em minha casa e não quis mais sair. Sorte a minha!