domingo, 8 de julho de 2012

Branco


Fotos inspiradoras, comidas apaixonantes, histórias emocionantes... Aquela página em branco, pronta para se enfeitar de palavras e traços.

Mas a máquina fotográfica já não funciona mais, as paisagens bonitas perdem a chance de se tornarem eternas, se perdem na lembrança de um momento. A página em branco permanece em branco, as palavras sumiram e não há mais imagens para desenhar.

A mão enfraquecida apenas dói com o movimento repetitivo e o corpo deixa de existir com a rotina que se acumula.  A mesma paisagem, o mesmo dia, as mesmas pessoas. A alma se desmancha perdida em um mundo que não lhe pertence e esquecida de quem é. A mente se inquieta e enlouquece.

E quando chegamos à loucura, quando toda a razão já se foi, é a hora de fechar os olhos viciados, recolher a alma desmanchada e encontrar o corpo humano. O ser-máquina ainda luta com a sensibilidade do espírito, mas ele se cansa facilmente e agora está jogado em um canto, abandonado e sem forças.



Depois de meses vivendo quase no piloto-automático, era preciso parar e respirar, para lembrar que ainda estava viva. Quando paramos e esquecemos a loucura da vida na Terra, é preciso lembrar quem costumávamos ser, o que costumávamos sonhar. E o grito da arte ecoa pelos corredores. Afinal, a arte é a expressão da alma.  Faxina, da casa, do corpo e da alma. É preciso um tempo de reabilitação!

Estou fechada para balanço, é tempo de jogar fora o que não serve mais, renovar as cores, o cabelo, as bijuterias, as roupas e os pensamentos.  Achar a inspiração em algum lugar no mundo lá fora ou aqui dentro.
Reencontrar a garota dos laços e brincos delicados, a menina do rock e das roupas estilosas, até a moça meio hippie, cheia de teorias e meditações.

Voltar às palavras é difícil, aos traços é pior ainda. Mas os primeiros passos já foram dados. As  páginas em branco começam a ser preenchidas...