domingo, 19 de setembro de 2010

Um dia antes de partir

Quem nunca montou uma lista de coisas que gostaria de fazer antes de partir? Como os 1001 filmes que devemos assistir antes de morrer ou os 1001 lugares para conhecer ou os 1001 livros para ler e até os 1001 pratos para comer.

Depois de assistir aos filmes Antes de partir ou As férias da minha vida, o nosso primeiro impulso é pegar um papel e escrever todas as coisas, por mais malucas que sejam, que temos vontade de fazer. Para aproveitarmos cada minuto que nos resta. E fazer valer a pena cada momento.


Mesmo sem saber quando vamos partir -melhor assim- podemos realizar nossos desejos...(não ganhamos na loteria e então obviamente não vamos largar tudo e viajar por todo o mundo -se bem que não seria uma má ideia-).

Porém, cada dia pode ser o dia de novas conquistas e pequenos passos no caminho da realização. Não precisa ser algo grande, podem ser conquistas pequenas como aprender a dirigir ou comer em um restaurante japonês, mas também podem ser ousadas como saltar de asadelta.

Durante muitos anos a cada ano que entrava, uma nova lista de coisas que queria conquistar era proposta. No último ano, resolvi fazer uma lista de todas as conquistas já realizadas para valorizar mais o que consegui - normalmente nos surpreendemos com a lista e com tudo que conquistamos.


Passos grandes e pequenos que nos fazem nos sentir vivos e parte deste mundo.

Na verdade, não precisamos de um diagnóstico médico para nos dizer que um dia vamos partir, esta é a única certeza que temos. Então, porque não fazer agora o que realmente queremos. Não estou falando de cartão de crédito sem limite, nem atitudes inconsequentes...

O que queremos de verdade? Qual é o nosso maior sonho?E parafraseando o comercial do Pão de Açúcar: O que faz você feliz?

Já paramos nossa vida corrida e atribulada para nos perguntarmos isso e encontrarmos as respostas? Dica: Amanhã pode ser tarde demais - que tal começar agora?

Passageiros

Enquanto uns chegam, outros vão embora, num ciclo constante. A vida não dura para sempre, temos esta doce ilusão quando tomamos nossas decisões e fazemos nossos planos. Não, a vida não dura para sempre, é tão frágil quanto um cristal e tão preciosa como um diamante.


Achamos que nossos filhos são nossos, que nossos amigos são nossos e que nossos pais também são nossos. Mas o tempo nos mostra que nada nos pertence, somente nossa alma e nossas escolhas, nem nosso corpo é realmente nosso.

Ganhamos a dádiva da vida e do usufruto do corpo humano, mas quando for chegada a hora, o que fizemos da vida em nosso corpo é cobrado, não por Deus, mas por nossa consciência, que Pode nos levar ao céu como também ao inferno pela culpa ou remorso. Todos temos luz e trevas, a diferença está no lado que decidimos agir. Isto é quem realmente somos.



Somos apenas passageiros no trem da vida, olhando pela janela o mundo e as pessoas. Algumas permanecem ao nosso lado até o fim da viagem, outras descem na próxima estação e são substituídas por novos passageiros....Mas às vezes e nunca sabemos quando, somos nós que devemos descer e partir para uma próxima viagem.

O tempo

Se o tempo voltasse, eu não mudaria nada, afinal, é com os tombos que aprendemos a andar.

Se o tempo parasse, eu faria questão de fazê-lo voltar a andar, porque perderia muitas auroras e crepúsculos.


Se o tempo andasse mais depressa, eu também perderia o abrir do botão das flores, o canto dos pássaros, a risada da criança e o abraço do amigo.


Por isso, o tempo faz seu próprio tempo, e mostra que tudo tem seu tempo e que ele é precioso.
O tempo não para, não volta e nem vai mais depressa; ele caminha como bem entende, acompanhando e saboreando a vida

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O ponto final


Hoje percebi a importância de um ponto final. Um simples ponto no final de uma frase. Nunca gostei de usá-lo, acho os três pontinhos – as velhas reticências - muito mais interessantes e bonitos.

 
A continuação, a subjetividade de um fato passado por três pontinhos insignificantes. Porém, nem sempre as reticências são melhores que o ponto final. A subjetividade não é prática, nem realista como o ponto final. E ela nem sempre é adequada para tudo.






Colocar o ponto final em uma discussão é diferente de colocar reticências. Colocar três pontinhos em um relacionamento é diferente de colocar o ponto final.
Devemos saber quando e como empregar estas velhas regras de acentuação gráfica em nossos textos e nossa vida.


... ou .
. ou ...

Fim ou continuação
Do amor
Da angústia
Da dor
Da alegria
Da vida
Da história




segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um canal, um dique e uma caixa d'água caída

Sábado de manhã em Santos era literalmente e sem exageros um dia de muita aventura e que sempre rendiam histórias para contar regadas a muitas risadas, isso é claro só acontecia depois de um certo descanso de toda a adrenalina e a tensão vivida para cumprir a complicada missão de sobreviver ao Agência Facos.

Aquele 10 de abril ficou na história, chuvoso e frio como deveria ser, o frio mais incômodo era o da barriga. O medo do desconhecido e a viagem até a Zona Noroeste, um cenário que ainda não tinha sido usado como pano de fundo para nenhuma matéria.

O Rádio Clube e uma caixa d’água...moradores de uma comunidade vivendo em área de risco teriam de esperar mais para conseguir se mudar. E nada era tão incerto como o futuro daquele Conjunto Habitacional.

Antes de chegar ao local, o que se avistava primeiro não era nenhuma torre caída e nenhum prédio semi-destruído, o que chamava a atenção era o canal que dividia a Vila Gilda e o os prédios recém-construídos. Não tinha sinal de água, mas de esgoto, não era um Rio Tietê, o cheiro não chegava a tanto, mas a quantidade de lixo, plástico e entulho era assustadora. Impossível contar quantas garrafas pets havia ali, impossível dizer o que tinha por baixo da grossa camada de lodo e lixo.



Tudo era um contraste de cores, a lama e o dique, tinham uma mistura de marrom da lama e cinza cimento, o canal era o mais colorido, com o verde da água, se é que aquela camada de líquido ainda era água, das garrafas, dos vidros, o desbotado dos sofás flutuantes.

Aquele certamente não seria um dia comum. A TV Tribuna fazia imagens do local do acidente e assistia o início da demolição do reservatório, depois da entrevista do engenheiro responsável. Estar lá era participar da notícia, era acompanhar e saber que o que os olhos estavam vendo era inédito.

Curiosamente naquela mesma manhã e naquele mesmo bairro acontecia uma outra coisa digna de notícia: um dos muitos mutirões contra a dengue. A TV Tribuna e a Record também estavam lá, mas a primeira entrevista foi conquistada por direito de chegada aos estudantes anônimos cheios de lama. Um pequeno e modesto golpe de sorte e momento de glória : conseguir a primeira entrevista.

Por um momento, ou melhor, por todo o dia e os dias que se seguiram as perguntas que se surgiram não encontraram resposta. Por que o cinegrafista não desviou por um momento a câmera da destruição e não filmou o estado daquele canal? Por que o mutirão de limpeza não chegou até aquele calamitoso canal? Canal este que sustentava a base de pontes, diques, crianças... Pessoas.

Estudo busca causa do acidente no Vila Pelé 2
Na sexta-feira, dia 9 de abril começou a demolição de um dos reservatórios de água do Conjunto Habitacional Vila Pelé 2, no Rádio Clube, localizado na Zona Noroeste. A torre com 30 metros de altura, 120 toneladas e capacidade de armazenar 90 mil litros de água, caiu no dia 1º de abril, atingindo um dos blocos residenciais. Os apartamentos estavam vazios e seriam entregues em um prazo de 45 a 60 dias às famílias do Caminho São José, no Dique da Vila Gilda. A empresa contratada para a demolição é a Desmontec- Demolições e Terraplanagem-, que trabalha em parceria com a Companhia de Habitação de Santos (Cohab) e tem um contrato de 15 dias para a execução do serviço.


Segundo o fiscal e técnico em edificações da Cohab, Geraldo Majela, “ a entrega dos prédios vai acontecer somente após a conclusão do laudo sobre as causas do acidente, que tem Estudo busca causa do acidente no Vila Pelé 2 um prazo de 30 a 60 dias para sua finalização.” Majela conclui acrescentando “sabemos que o problema está na fundação, só não sabemos o quê”.


A análise das causas e o monitoramento das outras caixas d’água já estão acontecendo durante a demolição e os abalos nos prédios estão sendo acompanhados de perto pelos engenheiros e fiscais. O engenheiro responsável, Marcio Brites explica que o prédio não será demolido por inteiro, mas somente a parte mais atingida, já que a estrutura não está toda comprometida. Porém, a finalização da obra também depende do clima, que permanece chuvoso. Segundo Brites, “as caixas d’água foram presas no terreno com estacas de 38 metros de profundidade, por isso eles não têm ideia do que pode ter causado a queda”.


Dayelle Ferreira Silva Martins, moradora de um dos prédios do Conjunto Vila Pelé 2 conta o que aconteceu no dia do acidente. “Não cheguei a escutar o barulho, mas a movimentação dos vizinhos começou entre duas e três da madrugada. Quando nos demos conta do que aconteceu chamamos os Bombeiros e a Polícia, e a água do reservatório começou a vazar por toda a região”, comenta ela. Um dos inconvenientes mais sentidos foi a falta d’água, que durou cerca de 4 horas, e também atingiu o Caminho São Sebastião, a comunidade em frente ao conjunto residencial. Durante os trabalhos de demolição muitos curiosos estavam presentes, mas a apreensão maior era a dos moradores dos outros prédios como Dayelle.


As obras do Conjunto Vila Pelé 2 em terreno de 25 mil m² começaram em julho de 2006, usando recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e teve um custo estimado em R$ 19 milhões. A estrutura dos 12 prédios do conjunto habitacional foi concluída em abril de 2009 e contava com 40 apartamentos cada um, totalizando 480 moradias. E há um ano estava na fase final de acabamentos.

sábado, 4 de setembro de 2010

Desapegando - homenagem aos amigos que se foram

Por que todas as pessoas que mais gostamos precisam ir embora? Talvez uma das grandes lições nesta vida seja aprender a me desapegar das pessoas. Todos aqueles que já se foram deste mundo, desta cidade ou da minha vida de certa forma levaram um pouco de mim e deixaram um pouco de si.

Estiveram presentes nos momentos mais difíceis e nos fizeram seguir em frente. Nos ensinando a rir e mostrando as coisas belas do caminho: o amor, a amizade, o perdão, o sol, o sorriso, a dança...Os pequenos detalhes que se tornaram de imenso valor, já que todos mostraram que valia a pena viver e ensinaram que seguir era melhor que desistir.

Por eles, a gratidão e a pequena homenagem nas linhas e palavras que não estarão perdidas no sussurro de uma confissão. Os amigos, eternos e caros. Mesmo não sabendo a importância que tem em nossa vida e história, permanecem sendo amados e queridos.


Ter notícias é relembrar com prazer dos velhos tempos, não tão velhos assim, mas muito distantes. Tempos sem preocupações, de risadas e ironias gostosas, de falatório sem importância intelectual, de brincadeiras fáceis e eternas. Tempo bom aquele, preguiçoso, de fandangos de presunto e biscoito de polvilho, de aviões de papel e guerra de canetinha.



Tempos estes inesquecíveis, de conversas profundas e espiritualizadas, de sorrisos provocantes e músicas empolgantes. Lembranças de discussões e debates à toa, e atitudes só para chamar a atenção. Tempos de molecagem e inocência.

Saudades, o que fazer? Desapegar? O que seria além da nostalgia?

A vida segue em frente e as pessoas continuam indo e vindo, num movimento infinito. Ninguém para por muito tempo, será que ninguém vai ficar? Será que alguém vai permanecer e seguir a estrada compartilhando os passos?


Não sei
Devemos desapegar...
Das coisas
Das pessoas
Será que estamos indo embora?
É o que fazemos quando estamos partindo.
Desapegar
Matar as saudades
Fazer o que sempre quisemos fazer
Elevar os sonhos
Rever as pessoas
Nos despedir
E partir
Partir para onde?
Mas já, tão cedo?
Não sei
Só sei que devemos nos desapegar...
E rezar para que todos vivam felizes
Que sejam felizes
E nós?
Alguém reza por nós?
Não sei
Só ame e ame incondicionalmente
Mostre o que as pessoas não conseguem ver
E deixe-as ir em paz. Desapegue.

Teorias sobre a vida



Me encanto com a teoria que aprendemos na escola que diz que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. A vida é um ciclo, assim como o tempo, a evolução e o espírito. Encontrar motivos e razões para viver não são o suficiente para ser feliz. Encontrar no que se tem o prazer, é um passo para a plenitude.

Não é ser acomodado, mas dar um passo de cada vez pela escada da vida é mais prudente do subir pelo corrimão. Ver beleza e pureza nas coisas e nas pessoas, prazer nos pequenos atos, amor nos gestos, paz e meio a correria do cotidiano. Felicidade vai além da conta bancária recheada, um casamento “perfeito”, o carro doa no e viagens para os filhos.


Equilíbrio e harmonia não se compram e é impossível financiar a felicidade ou parcelar a paz. Será que a realização que buscamos seja ganhar um milhão por mês? Será que o sucesso que queremos seja namorar com um modelo, casar com um ricaço e colecionar divórcios lucráveis? Será que a carreira que sonhamos seja perder a saúde para trabalhar 24 horas por dia?


Mais feliz o senhor na cadeira de balanço, na varanda de casa fumando seu cachimbo e lendo seu livro preferido. Enquanto a esposa tricota os sapatinhos do próximo neto, e a aguarda o bolo de fubá ficar pronto para servi-lo com café quente. Sonho americano? Acho que não, está mais para a simplicidade do sonho mineiro.


Talvez aí esteja a chave para todos os nossos problemas: a simplicidade. Parar e olhar o mundo, deixando de viver no piloto automático.
É incrível o que a escuridão pode fazer com você, é como se o buraco negro estivesse ali, pronto para te engolir. Se ainda tiver forças, esse é o momento certo para usá-la, se não, a escuridão te engolirá e nunca se sabe quando nem como poderá encontrar o caminho de volta. Em um túnel escuro, quando se acha que não há saída e enfim vemos uma luz por menor que seja, no fim de tudo aquilo, os pessimistas pensarão é a morte, os otimistas, que é a vida.