domingo, 29 de agosto de 2010

O gosto da inspiração


À procura do que escrever, ou melhor, sobre o que escrever na folha em branco, o cursor reaparece constante e ritmado, lembrando que o pensamento está parado, voando para qualquer lugar longe das palavras. A inspiração custa a chegar, procura-se nas novidades da TV, na rapidez e na linguagem da internet, nos livros e frases feitas.



O cotidiano, o caminho ou o tempo, todos são pontos comuns de uma nova visão. As viagens diárias pela região, as imagens curiosas à beira da estrada, todos poderiam ser tema de um novo texto em reflexão, porém nenhum deles é suficiente para aguçar minha imaginação.




Escrever, escrever e esvaziar o cérebro dos pensamentos que transbordam, mas novamente o fim e o nada, a folha em branco, que antes não assustava, volta como um pesadelo de falta de inspiração. Procuro de novo, e de novo – em algum lugar deve estar-; o sol lá fora é quente e inspirador, mas o vento frio faz tremer e tão breve como veio, a inspiração se vai.


O computador continua lá, com o sorriso irônico, debochando da falta que faz uma inspiração. E, agora, o que fazer? Relaxar, passear ou dar uma volta para ver se encontro o que perdi no meio do caminho? Ah! Essa pedra que me persegue e , quando vejo, estou de novo na companhia de Drummond, com suas palavras que saltam, se beijam e se dissolvem. Sim, elas se dissolvem e têm a terrível mania de sumir quando precisamos delas.


As horas avançam, o dia se vai e se perde. Porém é chegado o tempo, as vozes ao redor clamam, é preciso terminar o dia e recomeçar a noite, o cheiro invade as salas, os sentidos se aguçam,a atenção se desvia, é hora de despertar no meio do dia.

O sabor forte garganta a baixo, o calor envolvente, o pó escuro, a caneca cheia, o cérebro liga com dificuldade e a alma acorda com o gosto de café. O animado computador sorri , mas, desta vez, de agrado porque vai dançar ao som do teclado e brincar com as frases.

Nenhum comentário: