quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A caixa

Ouvir um “Parabéns para você” pouco antes da ceia de Natal é estranho, ainda mais quando ninguém que você conhece  faz aniversário no dia 25 de dezembro, mas para compensar todos os fim de semana longe da casa dos meus pais, eles sempre dão um jeito de surpreender.


Aquela tinha se tornado uma tradição, não exatamente uma tradição, já que tinha acontecido só com a minha irmã, mas mesmo assim, a tradição da Caixa tinha chegado até mim. Uma vez formada, não exatamente, porque estava longe de receber meu diploma, a Caixa dos Significados era o presente de uma etapa importante de nossas vidas, e uma espécie de missão cumprida na educação dos filhos. Depois da ideia da minha mãe, muitas de suas amigas, já planejavam a Caixa para seus respectivos filhos.

Era um diploma de adulto, agora você está “criado e vacinado” e pode seguir o seu caminho. Eu e minha irmã já tínhamos seguido nosso próprio caminho há muito tempo, pois deixamos de morar na casa dos meus pais uns dois anos antes de terminar o curso superior, motivadas sempre pelo nosso desejo de liberdade, mudança e empregos.


Mas certamente, de todos os presentes que eu poderia ganhar, aquele era de longe o melhor presente de Natal que eu recebi. Porque naquela Caixa estava representada a minha vida e todas as coisas importantes nesses 22 anos.  A primeira roupa e os sapatinhos; a pulseira da maternidade; os primeiros cadernos da escola; a cópia de todos os cartões de aniversário, natal e dia das mães que escrevi; a boneca de pano; a xícara; o patinador; o livro; a coruja; a pena; a chave; a taça; o laço... Cada pedacinho de mim estava guardado e embrulhado em fitas e tecidos. Era a minha própria cápsula do tempo.

É impossível não se emocionar, não deixar o nariz vermelho, os olhos embaçados e uma vontade enorme de abraçar todo mundo, quando toda a sua trajetória transborda de dentro de uma caixa E quando você recebe o certificado de ser humano “criado e vacinado” das mãos trêmulas de sua mãe, ele vale mais do que o diploma de Jornalista e o peso do capelo. Porque nenhum presente do mundo poderia ter um significado maior do que deixar sua mãe orgulhosa.

Esse é o tipo de presente que quero dar para os meus filhos e eles aos deles, e a tradição da Caixa poderá permanecer na nossa família, nos lembrando dos verdadeiros valores da vida, da família e do Natal.

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