domingo, 11 de julho de 2010

Progresso de interesses


Não é de hoje que o progresso quer acabar com a tradição de uma pequena cidade, não pelo progresso em si, ou pelos empregos que podem trazer. O progresso sempre esteve ligado a interesses muito maiores.



No caso da verticalização de Peruíbe, a audiência pública realizada no ano passado para discutir sobre o assunto, não foi divulgada e os únicos presentes eram engenheiros, arquitetos, construtores e representantes comerciais. Adivinha o que foi decidido?




O que muitos interessados somente em lucrar e extrair de Peruíbe tudo o que ela tem, não entendem é que a cidade é a entrada de uma das mais importantes reservas de Mata Atlântica que ainda existem no Estado. Trazer o porto ou liberar a construção de prédios maiores de quatro andares na orla da praia e em toda a cidade é abrir mão da preservação do Meio Ambiente, já que todo o esgoto e óleo produzido iriam cair diretamente no mar, além de alterar a temperatura da cidade. Pois como Santos, ilhas de calor se formariam e acabariam com a ventilação da cidade.


Não sou contra o progresso, muito pelo contrário, adoro cidades grandes e minha terra natal é o caos de São Paulo, porém sou a favor da vida e não quero que o que resta da natureza seja destruído. Quero poder reconhecer a pequena e tranqüila cidade de Peruíbe, e não quero que ela fique estática ou pare no tempo, porém crescimento sem planejamento é suicídio.





Lei de não-verticalização de Peruíbe é discutida em audiência pública





A alteração da lei de não-verticalização da cidade foi discutida em audiência pública na Câmara Municipal de Peruíbe, dia 28 de agosto, por indicação do vereador Manoel Reis Guedes. Após algumas reuniões internas estava sendo cogitada a possibilidade de se fazer um plebiscito, já que seguindo a Lei Orgânica Municipal para realizar qualquer alteração no Plano Diretor é preciso consultar antes a população.



Segundo o requerimento feito pelo vereador Guedes que será encaminhado à Câmara para aprovação, ele justifica seu pedido para a realização do plebiscito com o texto dito na abertura da audiência pública em que explica que a construção civil bem desenvolvida gera empregos imediatos na cidade e que a legislação atual não condiz com o momento vivido, além que afastar grandes investidores.


Esta não é a primeira vez que este tema é abordado na cidade, em 2006 houve uma discussão semelhante, levando o Jornal Análise de circulação regional, em sua edição nº 215 de março de 2006 a realizar uma enquete com os representantes das principais entidades da cidade. No entanto, a pesar do jornal afirmar que o processo de revisão do Plano Diretor da cidade já havia sido iniciado e tinha previsão para ser concluído em agosto do mesmo ano, o assunto não avançou e caiu no esquecimento.


Um dos responsáveis por este esquecimento foi Wagner "Jibóia" Xavier da Silva, presidente da ONG KDOC (Keep the Ocean Clean), que esteve presente nos movimentos que agitara Ubatuba por alguns meses enquanto se falava também da possibilidade de verticalização. Por telefone, Jibóia contou que tiveram um grande apoio da imprensa, "primeiro chamamos A Tribuna, depois como eu tinha contato com o pessoal de surf e de outros ramos, muitos outros meios se interessaram pelas manifestações e protestos que se seguiram por uns três meses direto até arquivarem o projeto de lei".


No caso de Peruíbe, em 2006 logo no início das discussões ele afirma que ameaçou começar o mesmo movimento, "cheguei a fazer os adesivos como os de Ubatuba, então eles se calaram". Hoje, Jibóia acredita que é preciso convocar uma reunião com as entidades ambientais para mobilizar desde o início a população. Um dos obstáculos é que o assunto não está sendo divulgado na cidade, assim alguns ambientalistas não acreditam que haja algo de concreto acontecendo.



O tema promete ainda longas discussões antes de chegar ao plebiscito. O biólogo e vereador Adenilson Alves Pereira afirma que "dizer que nunca vão construir prédios na cidade é uma utopia, afinal é impossível fugir do progresso", no entanto como defensor do Meio Ambiente ele explica que em uma decisão tão séria e que envolve a maioria, muitas vezes é preciso ir contra sua própria vontade. Ele deixa claro que não se pode agir pela emoção e pelos interesses pessoais, mas que infelizmente a questão do Meio Ambiente ainda fica em segundo plano quando a questão financeira também está envolvida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente esta triste realidade chegou a peruibe, e um maldito edficio de dez andares está sendo construido na Rua Porfirio Diogo Santana (centro). Hoje 19/08/2011 a obra etá no sexto andar. Cadê o plebiscito? Seria maralhavilhoso ver uma placa com a inscrição. "EMBARGADO".