domingo, 11 de julho de 2010

O que vestir?

A primeira vez é inesquecível...no curso de Jornalismo o aluno só é iniciado de verdade, quando sobrevive a primeira entrevista para uma matéria. Escolher entre tantos assuntos, um único que marque sua experiência não é tão fácil, principalmente quando seus gostos são vários e muito diferentes.


Em minha primeira matéria resolvi escrever sobre moda, sempre foi uma área que me interessava bastante e que esteve bem próxima de ser escolhida como minha carreira. Mas não poderia ser só moda, aquela fashion que vemos todos os dias, tinha que ter algo diferente e um toque pessoal também.


A moda vintage foi minha escolhida, afinal queria mostrar como a moda era um ciclo e como todas as épocas retornavam ao nosso guarda-roupa, cedo ou tarde, aquele look que achamos antigo ou brega iria voltar às passarelas e às ruas.




Enfim tinha meu tema, precisava agora entrevistar alguém do ramo. Foi em um sábado depois da aula, que caminhei sem muita noção pelas ruas de Santos, já que não conhecia bem a cidade, a caminho tive que passar por uma boa extensão da rua onde se encontrava a loja de minha entrevistada, a estilista Sandra Bertozzi. Reconheço que me senti dentro dos cenários do filme " O Diabo veste Prada", e me arrependi de não ter me vestido melhor, esperava passar despercebida no meio de tantas lojas de grife.


Sandra Bertozzi me recebeu e com paciência me explicou um pouco do mundo da moda, tratando especialmente do meu tema, o retorno da moda vintage. Minha matéria foi escrita com base em algumas pesquisas e em sua entrevista, a primeira matéria nascia...e eu tinha sobrevivido a experiência. O resultado?




O retorno da Moda Vintage


Um passeio pelo shopping, uma espiadas nas vitrines de grife e uma garimpada nos brechós é mais que suficiente para se ter um dejavú, porque querendo ou não, é possível perceber que aquele vestido que está na moda é muito parecido com o que as avós usavam. Não é preciso ser especialista em moda para observar este fenômeno de inspiração em outras décadas, chamado de moda vintage, porém para entender como lê funciona, é preciso “ser da moda”.


Segundo a estilista santista Sandra Bertozzi, dona de uma loja no Boqueirão, o “o ser humano precisa resgatar valores perdidos e durante seu momento de criação um estilista viaja em sua própria memória e experiência, buscando aquilo que foi aceito em outra época”. É evidente o contraste onde numa era como esta em que tudo cai em desuso muito rapidamente e o novo seja uma busca constante, que muitas tendências sejam inspiradas no antigo.



A moda é, acima de tudo, uma forma de expressão e Gilles Lipovetsky em seu livro O império do Efêmero - A moda e seu destino nas sociedades modernas, afirma que “o traje, o penteado, a maquiagem são os signos mais imediatamente espetaculares da afirmação do Eu. Se a moda reina a esse ponto sobre o parecer, é porque ela é um meio privilegiado da expressão da unicidade das pessoas”. Além disso, a inspiração na moda vintage “dá a oportunidade às outras gerações de viver e usar roupas de outras décadas, no entanto sempre com elementos contemporâneos, como as tonalidades de cores e misturas de tecidos para que se torne cada vez mais confortável e adaptado a determinadas regiões. Afinal, os estilistas se inspiram no antigo, mas não ficam presos a ele” afirma Sandra.


Na questão comercial, quando um estilista busca voltar no tempo, ele procura encontrar nas coleções passadas o que foi mais aceito, usado e agradável, explica a
estilista. Usando cores diferentes, uma nova tecnologia de tecidos e combinações de acessórios é possível colocar um ar mais moderno nas coleções.


A antropóloga Lígia Krás Ricardo, em entrevista publicada no site do Terra afirma que “a moda vintage, valoriza estilos de épocas passadas,e começou a se propagar na metade da década de 90, porém hoje as pessoas buscam cada vez mais um visual interessante e pouco comum. O que aumentou a procura por brechós, no entanto estas lojas específicas que trabalham com o vintage ainda são raras no Brasil.”


Hoje, é possível encontrar diversas referências de muitas épocas, como cinturas marcadas, o xadrez, corpetes, godês, boinas, estampas psicodélicas, inspirações hippies, camisas estruturadas, babados e lenços entre outras que usadas com bom senso torna a mistura de épocas algo super atual.
Assim, usar e abusar dos estilos e das épocas é possível, mas de forma harmoniosa, respeitando o seu biotipo, sua região e principalmente sua personalidade, porque a moda é cada um que faz.

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